Há 3 anos atrás quando meu pai faleceu, decidi que não exporia anualmente o quão dolorido é para mim o 6 de novembro. Uma parte de mim diz que esse sentimento é muito íntimo, uma outra parte de mim acredita que falar na dor da perda não faz com que a dor doa mais, porque ela já dói. Talvez por isso o espanto de algumas pessoas ao me verem tratando um assunto de "gente grande"com uma certa naturalidade, porque há ainda uma outra parte de mim que acredita que a morte é descanso e libertação.
Pois bem, uns 3 dias depois que papis se foi, me incumbiram da "simples missão" [só que não] de escrever um texto sobre ele. E o fiz, e o publiquei. E algumas pessoas dizem que choram quando o leem, mas acho que a lembrança do meu pai merece mais riso que lágrima.
Porém, por alguma razão que é mais forte que eu, não consigo cumprir minha determinção de deixar este assunto entre eu e eu. E eu e minha família.
[Uma pequena pausa: confesso que nunca entendi essa euforia com as latinhas de Coca Zero. Até ontem.]
Ontem, 6 de novembro fui almoçar com algumas pessoas queridas do escritório. Nenhuma delas sabia o que esse dia representa pra mim e muito menos o nome do meu pai. Ao chegar no restaurante encontro uma delas com a seguinte latinha:
Foram tantos sentimentos que vieram de uma vez... e dúvidas, e medos. Mas nada disso é maior e mais forte que qualquer lembrança do meu pai. Apesar de ter sido um homem muito sério e exigente, ele era chegado a umas piadocas marotas.
Acho que ontem foi mais uma piadoca dele comigo, quase que pedindo pra que eu não esquecesse que, de alguma forma, aquele era o dia dele. Deve ser porque ele sabe que sou meio avoada, que esqueço de pagar umas contas as vezes. Mas nunca, jamais vou me esquecer de todo o amor que sinto por ele, por todo amor que recebi dele e que de uma forma muito particular e só nossa, continuo recebendo.
A ele todo meu amor...