Meu guerreiro, meu heroi - reloaded

E ai que eu reescrevi o texto sobre meu pai. Resolvi posta-lo. Esse sim tem sentimento, esse sim diz quem ele e'.

Certa vez assistindo um filme ouvi a seguinte frase: It is at the end of a man's life when he realizes how important his decisions were at the beginning. É algo do tipo: é no fim da vida que o homem percebe quão importantes foram suas decisões no começo [da vida].
Essa frase é uma das muitas que me ajuda a definir quem foi meu pai. Edson foi um homem de muitas faces, um homem de inúmeras qualidades.

Meu pai foi um homem de muitas decisões. Aliás, isso foi uma coisa que sempre admirei: decisão tomada não tinha volta e ele seguia até o fim, certo de que tinha feito o melhor. Não havia chance para arrependimentos e dúvidas. Suas decisões sempre bem norteadas o seguiram até o seu último dia e em seu semblante percebi que não havia dúvida, raiva ou qualquer sentimento ruim por estar nos deixando. Muito pelo contrário, foi ali no momento em que se entregou a Deus que vi e senti o que era paz, o que era se entregar a Deus e confiar que Ele está sempre nos guiando.

Foi ali olhando para ele que senti que não podemos ser egoístas e querer-lo junto de nós por mais tempo, porque as lembranças de quem ele foi vão continuar sempre muito vivas entre nós, afinal grandes homens sempre deixam boas lembranças, bons ensinamentos. Arrisco-me a dizer, com muita humildade, que meu pai deixou um legado.

Como filha, posso falar muito bem do lado pai. Lembro-me dos inúmeros conselhos, das inúmeras brigas, de alguns castigos, de vários nãos. E foram nesses momentos que o amor de pai se fez presente. Graças aos nãos recebidos aprendi que não podemos ter tudo na vida, foram os conselhos que me guiaram para que não seguisse pelo caminho errado, foram as brigas e castigos que me deram amadurecimento e discernimento para enxergar que tudo na vida tem dois lados.

Mas lembro-me também das palavras de conselhos nas horas mais difíceis, nas horas que achei que tudo estava perdido e que não havia mais jeito. Lembro-me dos carinhos, das piadas, e das demonstrações de afeto ao trazer um pedaço de bolo que eu tanto gostava, ou então ao levantar-se de madrugada pra me buscar nas festas dos amigos.

Mais recentemente lembro-me de tudo o que vivemos nesses seis últimos anos: minha graduação, meu intercâmbio, minha mudança para outra cidade, o casamento da minha irmã, a entrada do meu irmão para a faculdade. Foram momentos que não sabíamos se estaríamos juntos, mas estávamos. E na verdade ainda estamos.

E também tem o lado marido. E que grande companheiro foi: leal, de amor incondicional, carinhoso, sempre apoiando minha mãe [mesmo que inicialmente discordasse] e confiando nela. Nunca presenciei uma discussão por causa de ciúmes, porque o amor foi construído numa base sólida onde a sinceridade e verdade foram os elementos essenciais. Quando eu “crescer” quero ser o que minha mãe foi para o meu pai e que eu possa encontrar alguém que seja o que ele foi para ela.

Enfim, fica na minha memória a lembrança de um homem que lutou até o fim, nunca se deu por derrotado. Meu pai foi com Deus, está com Deus e digo de coração que foi um guerreiro, foi um herói.